Quando vim viver definitivamente para a minha casa, tinha os meus sete anos.

De inicio tudo correu normalmente, nada de especial. Porém, um dia estava eu na cozinha e a porta do frigorífico começou a abrir e a fechar sozinha, vezes sem conta, eu assustada gritei a chamar pela minha irmã e pela minha mãe.

No momento em que entraram pela cozinha a porta do frigorífico fechou-se e eu contei-lhes o que havia visto.

A minha irmã não acreditou em mim, aliás, para além de afirmar que havia sido tudo fruto da minha imaginação e que eu era estúpida, ainda se comprometeu a chamar-me mentirosa. Dirigiu-se até ao frigorífico e tentou abrir a porta, sim tentou, pois a porta estava tão presa que não abria.

Quando, finalmente, desistiu e se afastou, a porta abriu-se sozinha e iniciou a sua prévia rotina. A minha mãe foi logo pedir ajuda ao meu vizinho que é sacristão e dias mais tarde um padre benzeu-nos a casa.

Anos passaram e a vida prosseguiu normalmente. Mas há cerca de três anos atrás, havia regressado de uma festa de anos e estava a lavar as mãos na casa de banho, quando a torneira que estava do outro lado de onde me encontrava começou a verter água. Como poderia ter aberto se era daquelas de roldana e eu nem lhe havia tocado? Ainda não tenho resposta.

Mas tudo isto abriu-me os olhos ao desconhecido, porque a verdade é que estas coisas acontecem na minha família há já algum tempo, pouca gente acredita em mim, mas eu sei o que vi e o que senti, medo.

Desde então, a minha mãe não perde um ano para benzer a casa, e até hoje não aconteceu mais nada.